
Limites
Seremos as primeiras gerações de pais decididos a não repetir com os filhos os erros de nossos progenitores. Seremos os pais mais dedicados e compreensivos, mas também os mais bobos e inseguros que já houve na história. E o que mais impressiona é que estamos lidando com crianças mais espertas e poderosas que nós, muito mais ousadas. Assim, fazemos parte da última geração que obedeceram a seus pais e a primeira em que pais obedecem a filhos; os últimos que tínhamos medo dos pais e a primeira que tememos os filhos. E o pior é que seremos os últimos que respeitamos nossos pais e os primeiros que aceitamos que os filhos nos faltem o respeito.
Isso tudo aconteceu à medida que o permissível substituiu o autoritarismo e os termos familiares mudaram de forma radical, para o bem e para o mal. Antes se considerava um bom pai, aquele cujos filhos se comportavam bem, obedeciam e os tratavam com respeito e bons filhos, as crianças que eram formais e veneravam seus pais. Só que à medida que as fronteiras foram se desvanecendo, hoje, os bons pais são aqueles que conseguem que seus filhos os amem, ainda que pouco os respeitam. E são os filhos, hoje que esperam os respeitos dos pais e que, além disso, que patrocinem no que necessitam, no que gostam e como gostam.
Quer dizer: os papeis se inverteram. Agora são os pais que têm que agradar os filhos e não o inverso, como era no passado. Os filhos precisam perceber que durante a infância estaremos à frente de suas vidas e que é assim que evitaremos que as novas gerações se afoguem no descontrole e no tédio no qual se está afundando uma sociedade que parece estar à deriva. Apenas uma atitude firme e respeitosa permitirá confiar em nossa idoneidade, porque vamos à frente liderando-os e não atrás os carregando e rendendo-se as suas vontades. Os limites abrigam o individuo, com amor ilimitado e profundo respeito.
Vanessa Parcianello da Silva